Por Agatha Brunelly
brunellyagatha@gmail.com
Mês passado vivenciamos a sanção de uma Lei que o corpo da brasileira violentada sexualmente ansiava há anos e a mente já não acreditava na possibilidade de realização. No dia 1º de agosto a presidente Dilma Rousseff (PT) aprovou uma nova lei para o Brasil. A partir daquele dia os hospitais do país estariam obrigados a prestarem atendimento às estupradas. Na verdade, no papel e nas formalidades o nome certo das beneficiadas por esta lei são vítimas de violência sexual, mas na prática, não há cautela, carinho, nem eufemismos. O estupro é forte, arrebenta com o corpo, a mente e a vida da mulher que não aguenta mais esperar para que ele seja exterminado das práticas humanas, ou neste caso, desumanas.
A
“lei da profilaxia a gravidez”, como foi chamada, estabelece que
os hospitais do Sistema único de Saúde (SUS) ofereçam a pílula do
dia seguinte em casos de estupro. A droga é capaz de impedir que a
vítima engravide, no entanto, é ainda capaz de causar alvoroço
diante dos religiosos que irredutíveis apresentaram no Congresso,
uma semana antes da lei ser aprovada, projetos e até vigília
de protesto com o objetivo de anular a proposta de apoio humanitário
oferecido pelo Governo.
Cartaz da Campanha: "Chega de rosário nos nossos ovários" |
Tampouco
pesquisas como a divulgada em março deste ano, na qual revela que o
Uruguai teve o número de abortos diminuído de 33 mil para quatro
mil ao ano após descriminalizar a prática até a 12º semana de
gestação, são capazes de modificar a mente da bancada religiosa
que convenceu o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, de
substituir o termo “profilaxia da gravidez” por "medicação
com eficiência precoce para prevenir a gravidez decorrente de
estupro”. Termo que demanda mais tempo para ser lido, assim como
para chegar a uma condição de liberdade feminina quanto à
gestação, uma vez que no Brasil, o aborto é
tipificado como crime contra a vida humana desde
1984 pelo Código Penal Brasileiro e somente não é
aprovado por força da ideologia religiosa.
Desde
1940 o aborto em caso de violência sexual é permitido no Brasil.
Desde 1º de agosto de 2013, a paciente vítima de violência sexual
recebe no hospital o amparo psicológico, o encaminhamento para o
órgão de medicina legal e o registro de boletim de ocorrência.
Porém, em setembro de 2013 a mulher brasileira ainda não pode
decidir se quer um filho ou não. Em setembro de 2013 ainda tem gente
opinando em algo que veda a opinião alheia. Em setembro de 2013
alguns ainda apontam para a fé e cegamente remam conscientes de que
isso consome com a esperança dos que estão remando desde 1984 e se
veem em 2013 morrendo na praia, ou em um consultório clandestino, no
lugar do feto imune perante lei, Deus e os homens.
"Não somos machistas, mas..."
ResponderExcluirÉ cômico ver a coerência da 'bancada religiosa'.