Por Washington
Bonifácio
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A velha máquina ainda é usada para fazer tapetes (Foto: Washington Bonifácio) |
Era agosto de 1920. O Brasil presidido por Arthur Bernardes. Tempos em que o progresso chegava à região em lombos de animais, a passos de tartaruga. A moeda quase não circulava e a forma mais conhecida de comercialização era a barganha. Nos mercados se trocava quase tudo.
A Singer, ano de 1920, foi comprada em Peçanha (Foto: Washington Bonifácio) |
No
canto da mesa coberta por retalhos, a máquina da bisavó. As
engrenagens rudimentares, feitas à base de ferro, não se
desgastaram com o tempo. A velha máquina tocada à mão parece não
ter se cansado do batente e ainda costura como se tivesse poucas
horas de uso.
A
Singer, ano 1920, foi comprada na cidade de Peçanha pelo meu bisavô.
Nas camisas ainda faltavam bolsos. Sem poder terminar, minha bisavó
teve que vender a vaca Maiada para pagar a máquina. Isso resolveria
de vez os seus problemas com as costuras, já que ela pegava
encomendas de fora para complementar a renda.
Almira, aos 85 anos, não costura com tanta frequência (Foto: Washington Bonifácio) |
Aos
oitenta e cinco anos, Almira já não costura mais com frequência.
Hoje ela prefere o crochê, diz que desenvolve a mente, mas, vez ou
outra, pega a velha máquina e relembra os tempos em que trabalhava
durante o dia e só sobrava a noite para fazer os bicos.
Os
tempos de escassez se passaram e junto foi a juventude. A pele do
rosto já não é tão rígida como antes. A saúde melhorou um
pouco. O transporte ganhou motor. Tudo mudou. Somente a velha máquina
de costuras continua ali, em cima da mesa, entre os retalhos.
Bela narrativa, Washington! Lembro-me do surgimento desse texto e dos ajustes. O resultado final ficou bastante atrativo. Parabéns!
ResponderExcluirParabéns pelo texto, entre meados de 1920 a 1950, acredito ter sido uma das melhores décadas, em curta memoria, me lembro dos autores, poetas que viveram pouca idade, por conta de doenças que existiam aquela época. Pessoas vivendo em media idade 30/35 anos. Anos dourados de poesia e de grandes poetas.Parabens !!! em tempo naquela epoca tecido era fazenda.
ResponderExcluirLembrei de mim. Um eu criança fingindo que a máquina da vó era carro de verdade! :') Emociono sempre que leio. Washington arrasou!
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