Por Marcello
Araújo
marcelloaraujo.gv@gmail.com
O
trânsito
na
cidade
está
cada
vez
mais
complicado.
São
emplacados
mensalmente
em
Governador
Valadares,
cerca
de
700
veículos
e
estima-se
que
exista
em
circulação
algo
em
torno
de
110
mil
veículos,
segundo
dados
do
Departamento
de
Trânsito
de
Minas
Gerais
da
cidade
(DENTRAN
GV).
Com
o
aumento
de
automóveis
nas
ruas,
conseguir
uma
vaga
tornou-se
um
jogo
da
sorte.
O
mercado
informal
de
compra
e
venda
de
veículos,
mais
conhecido
como
“MEIO-FIO
VEÍCULOS”,
é
o
principal
fator
que
justifica
a
falta
de
vagas
em
algumas
ruas
da
cidade.
O
termo
é
em
alusão
àquelas
pessoas
que
atuam
informalmente
no
mercado,
sem
ter
uma
estrutura
de
loja
com
CNPJ,
garantias
e
obrigações
legais.
W.L.,
de
40
anos,
foi
vendedor
de
carros
em
uma
concessionária
no
final
da
década
de
90
e,
no
início
do
ano
2000,
resolveu
ir
tentar
a
sorte
nos
Estados
Unidos.
Em
meados
de
2007,
quando
retornou
ao
Brasil,
depois
de
ter
conseguido
fazer
um
patrimônio
razoável,
sentiu
a
necessidade
de
investir
em
alguma
coisa,
mas
o
capital
na
época
era
pequeno
para
“empatar”
em
estrutura.
Começou
então
a
comprar
e
vender
carros
usados
pelas
ruas
da
cidade
e
diz:
“não
me
arrependo
e
não
tenho
vergonha
do
que
faço,
pois
só
eu
sei
o
quanto
é
difícil
trabalhar
nas
ruas
com
a
desconfiança
das
pessoas,
mas
por
outro
lado
é
lucrativo,
pois
não
pago
impostos,
não
tenho
funcionários
que
me
trariam
preocupações
trabalhistas
e
eu
mesmo
faço
meus
horários”,
diz
ele.
Perguntado
sobre
o
que
ele
disse
em
relação
à
desconfiança
das
pessoas,
seguro,
responde:
“já
sou
muito
conhecido,
tenho
clientes
fiéis
e
os
que
não
me
conhecem,
faço
questão
de
dar
referências
e
se
for
preciso,
faço
um
contrato
de
compra
e
venda
registrada
em
cartório,
apesar
de
não
ser
obrigado,
pois
segundo
o
Código
de
Defesa
do
Consumidor,
não
existe
relação
de
consumo
entre
pessoas
físicas.
Para
existir,
tem
que
ser
pessoa
jurídica
com
pessoa
física”
finaliza
pedindo
licença
para
atender
o
celular,
pois
“pode
ser
uma
venda
boa”.
Em
pesquisa
informal
pelas
ruas
da
cidade
sobre
a
quantidade
de
pessoas
que
trabalham
dessa
forma,
identificamos
que
são
aproximadamente
60
pessoas
e
que
a
maioria
se
conhece
e
tem
algo
em
comum:
quase
todos
frequentam
a
feira
de
carros
que
acontece
todos
os
domingos
na
rua
principal
que
dá
acesso
ao
Parque
de
Exposições
de
Governador
Valadares,
no
bairro
São
Paulo.
S.P.C., de 33 anos, também foi
vendedor de carros em uma loja multimarcas, mas há cinco anos resolveu arriscar
e entrou na informalidade. “Trabalho mais com carros populares na faixa de R$10
MIL a R$20 MIL. Sou um parceiro das concessionárias, pois os carros que eles
não interessam, eu compro, dou uma preparadinha e vendo na porta da minha casa,
na feira de domingo ou anunciando no jornal”, afirma. “Não concorro com as
lojas, pelo contrário, ajudo a fecharem o negócio. Às vezes determinado estado
e modelo não é interessante para colocarem no estoque, então eu vou lá e
arremato”, enfatiza. Por outro lado, tem proprietários de revendas que reclamam
da concorrência desleal. Afirmam que a prefeitura deveria inibir esse tipo de
negócio e que as pessoas devem ficar atentas ao comprar carros de terceiros.
“A prefeitura deve investigar e
fiscalizar essa informalidade. Nós pagamos aluguéis, impostos pesadíssimos, uma
carga trabalhista complexa, temos que dar garantia do produto por força de lei”
afirma F.S., 45 anos, dono de loja e ainda completa: “na informalidade tem
muita gente séria e honesta, mas também muito “picareta” (pessoas de má
índole), mas isso não vem escrito na testa. Se o cliente tiver algum tipo de
problema com o veículo ou na documentação, ele não tem a quem recorrer. Mas se
comprar numa loja legalmente constituída, fica mais fácil resolver”.
Um dos pontos mais cobiçados na cidade
pelos informais é a Avenida Brasil, na altura do bairro Santa Terezinha na
parte estreita que liga o Centro ao bairro São Paulo, pois ali existe um fluxo muito
alto de pessoas e carros e algumas lojas de carro. É difícil estacionar no
local devido à quantidade de veículos parados nos acostamentos dos dois lados
da pista com os pára-brisas pintados anunciando sua venda. A maioria é de
pessoas que atuam na informalidade. O morador G.C.S., de 68 anos, que reside lá
há mais de 30 anos reclama: “não posso receber visita durante a semana porque
não tem lugar de parar. Esses negociadores de carro tomaram conta do espaço.
Devem achar que a rua é deles.”
Não existe uma pesquisa e nem um
estudo a respeito desse assunto. Mas o que se pode observar é que é complexo,
pois ao mesmo tempo em que é bom para alguns (no caso para os negociadores da
economia informal), moradores e lojistas reclamam, seja pela concorrência
desleal ou pelo abuso de tantas vagas tomadas nas ruas. Porém, de alguma forma,
isso movimenta a economia fazendo a circulação de dinheiro entre prestadores de
serviços como despachantes, lavadores, pintores, lanterneiros, eletricistas,
mecânicos e capoteiros.
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